A alimentação fora do lar tem sido uma das grandes preocupações da rotina das pessoas que se dividem entre sua jornada de trabalho e/ou estudos fora de casa. Com a necessidade de fazer refeições nas ruas, muitas delas revezam seu tempo entre as opções de restaurantes, food trucks e as infinitas opções de serviços de delivery existentes no mercado. Só que, nos últimos anos, por conta do cenário de pandemia, o crescimento desse setor de alimentação sofreu um grande impacto.
Então, para contornar um momento de crise e atender também a uma nova necessidade dos consumidores, muitos empreendedores do mercado alimentício resolveram migrar seus serviços para outras opções de atendimento ao cliente. Hoje, os desafios e tendências do setor apontam para a busca de novidades que não apenas atraiam novos clientes, mas também possam fidelizar os consumidores antigos. É um nicho que continua crescendo progressivamente, mesmo em tempos de crise financeira.
Como era o mercado de alimentação fora do lar nos últimos anos?
Desde a última década, podemos notar uma significativa curva de crescimento no setor de alimentação fora do lar e mudanças muito importantes nos hábitos de consumo das pessoas. Somente entre os anos de 2010 e 2016, o faturamento da indústria de alimentos cresceu quase 90% no país, segundo um levantamento realizado pela ABIA (Associação Brasileira da Indústria da Alimentos).
Nesse cenário, a alimentação fora do lar teve um crescimento de cerca de 12,3% em média, mesmo diante de uma visível retração econômica. Esses números refletem tanto o investimento feito por parte dos empreendedores do ramo, como também representam uma mudança nos hábitos alimentares dos brasileiros. Outros fatores que também impulsionaram esse segmento, foram: o crescimento demográfico, mudanças na estrutura familiar, aumento de renda individual/familiar e uma maior participação das mulheres no mercado de trabalho.
Principais desafios do setor de alimentação fora do lar
Sem dúvida, um dos maiores desafios do mercado de alimentação fora do lar, nos últimos anos, foi o enfrentamento à pandemia. Com a necessidade de distanciamento social e a adoção de medidas mais rigorosas de higienização, os bares e os restaurantes se viram diante da obrigação de reformular toda sua estratégia de atendimento ao cliente, assumindo protocolos de segurança cada vez mais rígidos para obter um maior controle e prevenção. Dessa forma, as entregas em domicílio se tornaram fundamentais para que muitos empreendedores do setor continuassem a atender seus clientes e manter seus negócios funcionando.
Quando olhamos para um futuro próximo, considerando a normalização de diversas atividades comerciais, é necessário perceber outras mudanças que também foram provocadas pela pandemia e se consolidaram no mercado. Para se manterem ainda ativos e competindo pela fidelização do seu público-alvo, os estabelecimentos devem olhar para os principais desafios, abaixo, mencionados pela ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos).
– Entender as mudanças de estilo de vida dos consumidores que estão mais exigentes (eles hoje buscam uma alimentação mais prática, segura e saudável);
– Ter uma maior participação do food service nas soluções oferecidas (pela intensificação da transformação digital);
– Buscar a adequação dos processos para uma expansão acelerada dos seus serviços de delivery;
– Preocupar-se ao máximo com a segurança alimentar (reduzindo ao máximo situações que ofereçam risco ou tragam qualquer tipo de instabilidade para o seu negócio, como a limpeza e a organização do preparo dos alimentos);
– Promover ações de sustentabilidade e redução de impactos ambientais.
Quais são as principais tendências da alimentação fora do lar?
1. Food trucks:
Uma das principais tendências de alimentação fora do lar continua sendo os food trucks. Esse tipo de empreendimento é ainda uma excelente opção, tanto para o empreendedor como para o cliente, pois funcionam como um restaurante em quatro rodas (variando seu ponto de acordo com o movimento do lugar). Podem ser localizados em praças, parques, estacionamentos de shoppings, festivais de música e outros locais abertos que permitem um maior distanciamento social entre os clientes. O ideal é que os membros de sua equipe se tornem especialistas em algum tipo de comida específica (oferecendo ao público agilidade no atendimento e um diferencial de qualidade no preparo dos alimentos).
2. Comidas veganas e vegetarianas:
Hoje, de acordo com os dados da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), o Brasil conta com cerca de 30 milhões de vegetarianos e 7 milhões de veganos. São quase 40 milhões de consumidores. Por isso, atingir esse público não só é uma ótima ideia, mas também uma necessidade para a implantação desse tipo de alimentação em seus bares, lanchonetes e restaurantes (essa é uma mudança que deve estar incluída em seus planos).
3. Comfort food:
A Comfort food é um tipo de alimentação que tem como principais conceitos o despertar da nostalgia e a ativação das boas recordações, como aquelas refeições preparadas por pessoas queridas da nossa família. É o que chamamos de “comida de vó”, por exemplo. Aqui o que conta bastante é que a comida seja gostosa e que desperte também uma recordação especial. Em sua maioria, as Comfort foods são pratos simples, como a comida caseira do nosso dia a dia ou os pratos típicos de determinada região.
4. Drive-Thru
O Drive-Thru é um sistema que já é utilizado há anos por grandes franquias de fast-food, tanto no Brasil como no mundo. Mesmo antes da pandemia, esse sistema de atendimento ao cliente já era bastante comum entre os consumidores. Com a pandemia, essa tendência se intensificou bastante e, ainda hoje, continua em alta (porque é um método seguro onde cada cliente faz seu pedido e o aproveita como quiser: em seu próprio veículo ou em casa, evitando aglomerações e mantendo o distanciamento social).
Essa tendência também lembra o sistema de atendimento Take Away (onde o cliente faz o pedido via aplicativo, WhatsApp, telefone ou site do restaurante e, após a confirmação, o restaurante dá uma estimativa de tempo para que tudo esteja pronto e o cliente só passe para pegar sua refeição no balcão de retirada). Nesse caso, o pagamento pode ser feito tanto via aplicativo ou na retirada.
5. Restaurantes com desperdício zero:
Em sintonia com as novas demandas do mercado e as preferências do consumidor contemporâneo, destacam-se também os restaurantes com desperdício zero (são aqueles que se comprometem com ações que visam reduzir o impacto ambiental). Dentro das várias possibilidades de ação, é possível citar algumas estratégias, como: o investimento em embalagens ecológicas, redução de emissão de poluentes e outras ações que promovam a sustentabilidade.
6. Dark kitchens:
As dark kitchens (também conhecidas como ghost kitchens ou cloud kitchens) são cozinhas especialmente projetadas para atender pedidos feitos exclusivamente por aplicativos de delivery. Esse estilo de estabelecimento está em alta e sua principal vantagem é não precisar de um salão, uma fachada ou estrutura para atender clientes presencialmente. Essa economia se reflete na mão-de-obra de atendimento ao cliente, que não é mais necessária, além dos aluguéis mais baratos em relação a pontos comerciais sofisticados e bem localizados nos grandes centros. Através desse corte de gastos, você garante ao seu negócio uma grande vantagem competitiva perante a outros restaurantes consolidados (já que é possível oferecer preços mais atrativos para seu consumidor final).
7. Grab and Go:
Consolidado nos Estados Unidos para refeições como café da manhã, almoço, jantar e pequenos lanches, o sistema Grab and Go pode ser um ótimo investimento para o seu negócio, pois consiste na oferta de refeições prontas, balanceadas, embaladas e dispostas em um ambiente no qual o cliente pega o que desejar, realiza o pagamento e sai da loja logo em seguida (oferecer essa opção de refeições embaladas para viagem para seus clientes é uma ótima oportunidade para se obter um lucro rápido).
8. Serviços por assinatura:
Os serviços por assinatura já deixaram de ser uma exclusividade do setor de entretenimento. Atualmente, existem várias empresas do ramo alimentício apostando nos serviços por assinatura com a proposta de entrega periódica de produtos selecionados para os clientes. Nesse tipo de serviço, há tanto o atendimento de demanda de marmitas caseiras, alimentação saudável, congelados, seleção de hortifruti, bem como há o espaço para nichos mais específicos e menus especiais (como degustação de queijos e frios).
9. Cardápios digitais:
Os cardápios digitais devem ficar ainda mais populares em 2023. A ampliação do uso de tecnologia aplicada no atendimento ao cliente é uma das grandes tendências para o setor de alimentação fora do lar neste ano. Essa ferramenta, adotada por restaurantes e bares, é utilizada para promover uma experiência do cliente mais dinâmica, melhorar as vendas e a operação do negócio (através de um dispositivo móvel, o cliente escolhe os pratos e faz o seu pedido de forma autônoma). É um recurso inteligente, prático e de fácil compartilhamento.
Como a tecnologia pode ser um diferencial competitivo para o setor de alimentação fora do lar?
A redução do poder de compra e o aumento do número de desempregados têm levado as pessoas a produzir em casa suas refeições. Diante desse cenário de crise, os pequenos negócios de alimentação fora do lar devem lançar mão de uma série de estratégias a fim de se manterem atraentes e competitivos.
E o uso da tecnologia tem sido uma das principais formas de operar esse negócio, possibilitando aos pequenos negócios mais produtividade, otimização em serviços de entregas e redução de desperdício. Com essa ação, o empreendedor melhora a experiência do cliente e proporciona ainda mais segurança para a sua fidelização (conservando sua clientela e até a expandindo).